02/05/2009

CABO BOJADOR


Apesar de muitos portugueses ainda não saberem bem onde fica o Sahara Ocidental nem o que por lá se passa , há muito tempo que estão familiarizados com os incríveis feitos dos seus antepassados que se se fizeram ao mar e foram um exemplo de bravura que subsiste até aos nossos dias. 

É este grande feito histórico que nos dá ânimo quando falta a criatividade para incentivar o povo lusitano a reagir às dificuldades que lhe vão aparecendo pelo caminho.
O Gil Eanes em 1434 cheio de pujança e certamente com alguma força de vontade e até secalhar com uma pontinha de criatividade e mais uns amigos e companheiros de embarcação conseguiu passar pela primeira vez o Cabo Bojador e abrir caminho para a navegação e achamento do resto de África além Cabo.
 Assim sendo entrou para sempre na  história do Sahara Ocidental e o seu nome até aparece numa placa do Museu Nacional Saharaui.
Este museu localiza-se num acampamento de refugiados no sul da Argélia e muitas das pessoas que aí vivem estão relativamente perto do Cabo Bojador e não seria muito difícil irem até lá se não tivessem que tentar obter um visto com muita dificuldade e apanhar um avião para a Argélia ou Mauritânia ou Espanha e daí para o território ocupado pelos marroquinos onde se localiza o Cabo Bojador e no caso de não conseguirem, só lhes resta tentar passar por um campo minado e depois um muro e uns tantos marroquinos armados e é melhor que não se pague para ir ver o Cabo porque são pessoas que vivem de ajuda humanitária e não costumam andar com muito dinheiro.
Se o Fernando Pessoa fosse vivo e  fizesse parte da população saharaui que vive nos campos de refugiados poderia ter reinventado o poema Mar Português e chamar-lhe o seguinte na sua Mensagem:




 Mar Saharaui

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas do Sahara!
Para te alcançarmos, quantas mães terão que chorar,
Quantos filhos em vão rezar!
Quantas noivas ficarão por casar
Para que sejas nosso, ó mar!


Vale a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer chegar ao Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas foi nele que espelhou o céu.




Joana S.

 

1 comentário:

  1. Pelas palavras com que sempre nos brindou, tenho a certeza de que Fernando Pessoa não ficaria indiferente a esta causa.
    Para mim era um poeta com o coração nas mãos.

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