Isabel Gorjão Santos
Salem Lebsir, dirigente da Frente Polisário, apela ao Conselho de Segurança e diz que os sarauis não podem "ficar à espera no deserto"
Há 34 anos que a Frente Polisário luta pela independência do Sara Ocidental, tempo de mais para muitos sarauis que vivem no território ocupado por Marrocos em 1975 e para os 165 mil que fugiram para os campos de refugiados no Sul da Argélia. O governador de um desses campos, o de Dakhla, Salem Brahim Lebsir, está em Lisboa e põe a hipótese de um regresso à luta armada se as negociações falharem. "Não queremos voltar à guerra, não queremos romper o cessar-fogo. Mas, se nos obrigarem, o que vamos fazer?"A guerra no Sara Ocidental, que durante 15 anos opôs a Polisário ao Exército marroquino, terminou em 1991 com um acordo de cessar-fogo e a expectativa de um referendo organizado pelas Nações Unidas, que criou uma missão específica para o efeito, a Minurso. Agora a Polisário volta-se para o novo enviado da ONU para o Sara Ocidental, Christopher Ross, para o Conselho de Segurança das Nações Unidas ou para a nova Administração norte-americana. E, se tudo falhar, põe a hipótese de um novo conflito. "Voltar a pegar em armas é uma das hipóteses que temos", diz Salem Brahim Lebsir, que é também membro do secretariado nacional da Frente Polisário e está em Portugal a convite do Conselho Português para a Paz e Cooperação. Em entrevista ao PÚBLICO, sublinhou que a Polisário "não quer a guerra", mas admitiu que a violência possa regressar ao território no próximo ano. "Preferimos morrer a combater do que ficar ali à espera, em pleno deserto, mais do que 34 anos". Muitos sarauis nunca conheceram outra casa senão esse "pleno deserto" que são os acampamentos de refugiados, cada um com o nome de uma cidade do Sara Ocidental que ficou para trás.Salem Lebsir hesita quando lhe perguntam sobre a nova ronda de negociações que não tem data marcada. Em 2007 chegou a haver negociações mediadas pela ONU perto de Nova Iorque, mas não houve acordo. Agora o enviado especial da ONU visitou Marrocos, Argélia, França e Espanha. Lebsir recorda o encontro com os representantes da Polisário: "Dissemos que queremos o referendo e ele respondeu que vai fazer um esforço para chegar a uma solução". Mas Salem Lebsir não está muito optimista. "Não vemos vontade por parte do Conselho de Segurança. A França continua a apoiar Marrocos. Os americanos ainda não tornaram clara a sua posição. No tempo de Bush estavam com Marrocos e agora, com Obama, ainda não sabemos qual é a posição política em relação ao Sara Ocidental", diz. "E se o Conselho de Segurança não pressionar Marrocos para que aceite um referendo, não creio que o enviado especial vá resolver o problema".As principais acusações vão, no entanto, para Rabat. "Marrocos mantém a sua posição de autonomia e nós defendemos um referendo com três opções: autonomia, independência e integração em Marrocos", explica Lebsir. A Frente Polisário tem defendido que o referendo se faça a partir do recenseamento realizado por Espanha ainda em 1973, quando o Sara Ocidental estava sob domínio espanhol, e não um recenseamento feito após a ocupação marroquina através da operação Marcha Verde, em 1976. "Marrocos quer que a população marroquina que vive agora no Sara Ocidental tenha direito a votar, e isso não podemos aceitar".
Em Dakhla à espera de regressa
Há quem tenha deixado a casa há 34 anos e quem nunca tenha conhecido nada além das tendas e casas de adobe a 175 quilómetros da cidade argelina de Tindouf. No acampamento sarauí de Dakhla vivem cerca de 30 mil refugiados que deixaram o Sara Ocidental após a ocupação marroquina. As temperaturas ultrapassam muitas vezes os 40 graus Celsius, falta comida. Em Maio, a sexta edição do Festival Internacional de Cinema do Sara trouxe alguma animação ao acampamento."Os dias passam com as crianças a estudar e as mulheres a trabalhar na saúde, no fabrico de têxteis de lã e a cuidar dos mais pequenos e dos mais velhos", conta Salem Lebsir, o governador do acampamento. Fala das mulheres porque são elas que ali vivem, com as crianças e idosos, enquanto os homens estão em unidades militares. "Agora não há guerra, mas nos acampamentos são as mulheres que se ocupam da saúde, das oficinas, de toda a gestão diária."Em Abril, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) coordenou uma visita de 43 portugueses àquele acampamento. Um dos objectivos foi avançar com um projecto de construção de uma escola para 630 crianças, com 14 salas de aula, refeitório e cozinha. Sandra Benfica, do CPPC, recorda que quando recebeu o orçamento fez a conversão de moeda várias vezes para ver se as contas davam certo: eram 30 mil euros, nada que não se conseguisse com alguma imaginação. Com o apoio de várias autarquias portuguesas, a escola ficará concluída em Dezembro, e foi no âmbito dessa cooperação que o CPPC convidou o governador do acampamento a visitar Portugal.Dakhla tem sete municípios e um hospital regional, mas está completamente dependente de instituições internacionais como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. "A alimentação que chega é igual desde o princípio até agora", lamenta Lebsir. "É insuportável. Não somos refugiados de um ano ou de meses". Por iniciativa do realizador de documentários peruano Javier Corcuera, começou a realizar-se no acampamento o Sahara International Film Festival, cuja sexta edição decorreu no início de Maio e que tem ganho alguma notoriedade com a ajuda da actriz Penélope Cruz ou do realizador Pedro Almodóvar. Salem Lebsir lamenta a falta de comida no acampamento de Dakhla, onde vivem cerca de 30 mil refugiados .
34 anos de conflito
01.06.2009
1975O Tribunal Internacional de Justiça decide que a população deve ser ouvida sobre a soberania do Sara Ocidental, que deixa de estar sob domínio de Espanha nesse ano. Decorre a "Marcha Verde" e Marrocos ocupa o território.1976A Frente Polisário proclama a República Árabe Sarauí Democrática1976-1991Conflito armado. Em 1991 as Nações Unidas criam a Minurso, com o objectivo de organizar um referendo.1996ONU suspende o referendo2007-2008Há negociações, mas não chegam a qualquer resolução.
01.06.2009
1975O Tribunal Internacional de Justiça decide que a população deve ser ouvida sobre a soberania do Sara Ocidental, que deixa de estar sob domínio de Espanha nesse ano. Decorre a "Marcha Verde" e Marrocos ocupa o território.1976A Frente Polisário proclama a República Árabe Sarauí Democrática1976-1991Conflito armado. Em 1991 as Nações Unidas criam a Minurso, com o objectivo de organizar um referendo.1996ONU suspende o referendo2007-2008Há negociações, mas não chegam a qualquer resolução.
Hoje em dia o mundo tirou a lição da guerra e a destução. vê o que acontece no Iraq e na Africa sem ir longe. Imagina então como um país pode tratar uns sepratistas peretencentes ao mesmo pouvo. Eles escolheram isolar-se visando a provocações e ameaças a soberania de um país, não é justo apoiar algo deste tipo e ignorar a verdadeira versão da história do sara ocidental desde o início ate a independencia do território da Espanha, a história fala mais alo contra os separatistas da polisario que são antes de nada marroquinos, estudaram no marrocos e tem cultura marroquina e familias enraizadas no marrocos mais eles escolheram outro caminho com outros objetivos que todo mundo saiba. A Algéria está atrás ela continua a manipular a situação em seu benefício para desestabelecer a ordem do jogo. Mas o polisário que manifesta um direito a um país não tem cabimento e lógica. mais de 80 mil pessoas origens do Marrocos lutam para separar da sua Mãe, patria como isso pode apoiar? é ilógico e irrealizável uma história disse. Por isso eu peço tratar o assunto com justiça e respeito a legitimidade internacional que estabelece a ordem e paz entre os irmões da mesma família.
ResponderEliminarO Povo marroquino comemora, o quinguagésimo quarto dia da Independência, quarta feira, 18 de novembro. È uma ocasião para recordar os sacrifícios do povo marroquino, bem como a recuperação da liberdade e da libertação de Marrocos, do jugo do colonialismo ocidental..
ResponderEliminarO povo marroquino realmente tem sacrificado milhares de seu filho durante a sua luta contra o colonialismo para defender os seus legítimos direitos.
Mas o primeiro exemplo de sacrifício é o do falecido rei Mohammed V, que, por sua fé inabalável, a determinação e a dedicação incansável de servir o seu povo, aceitou o exílio em condições desumanas, a fim de poupar o seu povo a sofrer as dores da repressão colonial, e poupá-lo do sofrimento.
O aniversário da Independência encarna, muito justamente, um verdadeiro símbolo de luta e dedicação e ele é de profundo significado, porque se trata da vontade comum do Trono e do povo para defender os valores sagrados do país.
Um evento não menos precedeu este aniversário inesquecível. Ele pode falar em fato sobre o aniversário da independência, sem mencionar a revolução gloriosa do rei e do povo, comemorado em 20 de agosto de cada ano, que foi desencadeada quando as autoridades coloniais tinham decidido do exílio do símbolo da nação, o falecido rei Mohammed V.
O exílio do pai da nação era a palha que quebrou o camelo, porque esse evento foi a causa que incitou a população de quatro cantos do Marrocos, demonstrando assim a mobilização de uma nação inteira atrás do rei pela recuperação da independência.
No entanto, as autoridades coloniais não tinha respeitado a firme e constante mobilização do fiel povo marroquino unida por trás de seu rei, que estava determinada a lutar até o fim e por todos os meios possíveis para restaurar a legalidade.
Não tem medido até a gravidade da decisão quando as autoridades coloniais reuniram-se para confirmar a sentença de morte com vista atrapalhar a desunião entre o rei o seu povo.
Mas a forte resistência armada seguiu e as revoltas eclodiram por toda parte. A luta intensificou-se e o laço continua se apertanda contra os conquistadores, francês e espanhol que tiveram a ilusão de que exílando o legítimo soberano, colocando no seu lugar um colaborador marioneta que poderia permitir a retomada da dominação sobre o país.
O Jihad foi então proclamado. Jovens, adultos, idosos e mulheres, todos estavam no jihad, com um único lema: vencer ou cair como um mártir.
Esta resistência invencível eventualmente desestimulou o ocupante, que deu o seu primeiro plano de desestabilização do país e levou ao regresso do sultão à pátria, um retorno triunfal, que já antecipou o fim de uma era colonial e dando um início a independência do Marrocos.
Embora a luta resultou em considerável perda de vidas, mas o colonizador foi expulso para sempre, marcando a vitória da lei e da legalidade sobre a injustiça e o despotismo.
Quem entre nós não tenha em mente a famosa citação feita pelo falecido Rei Mohammed V ao retornar-se do exilío: "Saimos do pequenho Jjihad para o grande jihad", assim lançou as bases de outra luta, que não é tanto menos importante que a construção do novo Marrocos.
As palavras do falecido soberano constituiram um roteiro perfeito e uma fonte de motivação que conduziu toda a nação para unir-se em torno da suas unificação nacional.
Lembrando da visão política e estratégica, da sua Majestade o rei Mohammed V, que lançou ás bases de um Estado soberano. Trantando de uma regra de direito e da democracia que o transformam como libertador da nação.
A grande obra iniciada pelo falecido rei Mohammed V foi um sucesso continuado por seu digno sucessor, o falecido rei Hassan II, e perfeitamente realizado por Sua Majestade o Rei Mohammed VI.
Lahcen EL MOUTAQI
Este Blog é relativo ao Sahara Ocidental, efectivamente visto ser um país cujas fronteiras ladeiam outro país, não se pode deixar de falar sobre o Reino de Marrocos, mas é óbvio que que o que se discute aqui e denuncia é exactamente a opressão por parte de um Reino (Marrocos) a povo que luta há muito tempo, com meios inferiores e em menor quantidade com um povo opressor e que apesar de ter concordado realizar um referendo para se perceber através de métodos legais qual a vontade das pessoas que habitam os territórios ocupados do Sahara Ocidental, não deixam o processo desenrolar-se e tentam com todos os meios e até recorrendo à violência e à humilhação de mulheres e crianças abafar esta coragem de um povo que consegue ser um exemplo de perseverança no mundo actual que só se rege por questões monetárias e por ideologias duvidosas.
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