15/06/2009

Amnístia Internacional de Espanha - Exposição de Defensores dos Direitos Humanos (Sara Moro)

O testemunho obstinado

Defender os direitos humanos é uma actividade de alto risco no mundo de hoje, porque dizer a verdade aos que estão no poder supõe enfrentar Governos e élites políticas, económicas e militares.
Por desempenhar o seu trabalho, cada ano centenas de activistas são assassinados, torturados, presos injustamente ou submetidos a campanhas de desprestigio. Não têm um perfil definido e as suas origens sociais, políticas e económicas são muito diversas, mas o que os une é acreditar que os direitos humanos são universais e indivisiveis. Camponeses, advogados, líderes indígenas ou periodistas são o rosto da luta diária, os que se arriscam no terreno, os que defendem as víctimas mesmo que possam converter-se eles mesmos em victimas. “Sou unicamente um ser humano entre muitos...
Vivo no presente e tomo nota do que vejo”, dizia a periodista e defensora dos direitos humanos Anna Politkovskaya, antes de ser assassinada em octubro de 2006.Apoiar os defensores e defensoras dos direitos humanos é uma prioridade para a Amnistía Internacional. A nossa obrigação é trabalhar junto deles e delas, comunicar-lhes que não estão sós e pedir aos Estados que adoptem as medidas necessárias para garantir a sua segurança e que possam desempenhar o seu trabalho. Estão na vanguarda dos direitos humanos, fortalecem a sociedade civil e proporcionam uma informação fundamental para conhecer a verdadeira situação de muitos países. Quando se violam os direitos dos defensores, dos direitos de todos nós estamos em perigo. A sua obstinação e a sua resistencia pacífica são uma referência para as pessoas que trabalham pelos direitos humanos. Além disso, o seu testemunho é uma inspiração constante para futuros activistas dispostos a lutar por um mundo mais justo.
Este ano celebramos o 60 aniversario da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o 30 aniversario da Amnistía Internacional em Espanha. A recolha fotográfica realizada através de 30 historias de defensores e defensoras dos direitos humanos, pelas mãos da fotógrafa Sofía Moro ao longo de mais de dois anos, é uma emocionada homenagem a todos aqueles activistas cuja atensão faz que os direitos humanos continuem a ser uma esperança para milhões de pessoas em todo o mundo. E queremos compartilhar esta sensação convosco.
IRENE KHANSECRETARIA GENERAL DE AMNISTÍA INTERNACIONALLONDRES, MARZO DE 2008







"O meu crime era ter exercido o meu direito a manifestar-me contra a repressão e a arbitariedade das forças de ocupação marroquinas "



AMINATTOU HAIDAR
SÁHARA OCCIDENTAL



Esta activista de 39 anos e mãe de dois filhos conta que foi detida pela primeira vez em 1987 por participar num protesto contra a ocupação do Sahara Ocidental quando uma comissão da ONU visitava a zona.
Desaparecida e torturada durante quase quatro anos, detida em numerosas ocasiões e padecendo vexações por parte de membros das forças marroquinas, não deixou de lutar de maneira pacífica. “É um milagre que esteja viva, porque sou uma mulher esgotada físicamente de tantos anos de desaparecimento e encarceramento, tanta tortura ... Mas aqui estou e seguirei lutando com todas as minhas forças, sabendo que estás lutando por nós. Estou segura de que os meninos saharauis refugiados na Argelia voltarão à sua terra libertada”.
Participou nas manifestações de Maio de 2005 para denunciar o aumento da repressão marroquina, que causaram dezenas de detidos, encarcerados, torturados e alguma morte, e voltou a ser apanhada e detida: “O meu crime era ter exercido o meu direito a manifestar-me e protestar contra a repressão e arbitrariedade das forças de ocupação marroquinas contra os civis saharauis que expressam desde há tantos anos a sua fartura da ocupação, reivindicando de maneira pacífica o respeito dos direitos humanos no Sahara Ocidental, a libertação dos presos de opinião e o regresso dos desaparecidos vivos ou mortos”.
Em 13 de dezembro de 2005 um tribunal marroquino condenava-a a sete meses de prisão e aos seus treze companheiros a penas de até tres anos de prisão, em processos claramente irregulares.
Depois de meses de prisão sob o Governo de Marrocos, numerosas organizações, entre elas Amnistía Internacional, exigiram a libertação de Aminattou e de muitos outros presos de conciência presos nas prisões marroquinas, e a dirigente saharaui foi libertada em Janeiro de 2006. Nem as torturas, nem a prisão mudaram as suas exigências: O direito de autodeterminação, o esclarecimento do destino de milhares de desaparecidos, o fim da
persiguição dos defensores dos direitos humanos, a condenação dos culpados, assim como a livre entrada e circulação dos observadores internacionais e dos meios de comunicação nos territórios ocupados do Sahara Ocidental.


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